Quanto seja louvável a um príncipe manter a fé, aparentar virtudes e viver com integridade, não com astúcia, todos o compreendem; contudo, observa-se, pela experiência, em nossos tempos, que houve príncipes que fizeram grandes coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e souberam, pela astúcia, transtornar a cabeça dos homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir.
(Nicolau Maquiavel, O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 73-85.)
A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, é correto afirmar que:
A) O jogo das aparências e a lógica da força são algumas das principais artimanhas da política moderna explicitadas por Maquiavel.
B) A prudência, para ser vista como uma virtude, não depende dos resultados, mas de estar de acordo com os princípios da fé.
C) Os princípios e não os resultados é que definem o julgamento que as pessoas fazem do governante, por isso é louvável a integridade do príncipe.
D) A questão da manutenção do poder é o principal desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja.
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Maquiavel, pensador político do período moderno, faz severas críticas ao modo de se fazer política no período grego e, sobretudo, no período moderno, isso porque, de acordo com esse pensador político, a política do seu tempo era tomada no sentido aristotélico, ou seja, pensava a partir do que se denomina de dever-ser, em outros termos, pensando o homem, a partir da visão aristotélica, como um animal político, isto é, nascido para a política, uma espécie de o homem como ser comunitário. Por essa razão, Maquiavel, em 1513, escreveu sua famosa obra O Príncipe e, no contexto dessa obra, o autor apresenta a seguinte discussão:
“Necessitando, portanto, um príncipe saber usar bem o animal, desse deve tomar como modelos a raposa e o leão, porque o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não tem defesa contra os lobos. É preciso, portanto, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para aterrorizar os lobos. Aqueles que usam apenas os modos do leão, nada entendem dessa arte”
(MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: abril cultural, 978, p. 108. Coleção os pensadores)
Desse modo:
I. Para Maquiavel, a noção de lobo representa o uso da força e, nesse sentido, deve demonstrar coragem e, acima de tudo, poder para aniquilar os lobos.
II. Raposa é, no sentido apresentado na assertiva, uma figura metafórica que representa astúcia, sutileza e esperteza para lidar com os adversários.
III. A arte política é, no sentido apresentado por Maquiavel, uma forma ética de lidar com os adversários, pois, para esse autor, o homem é um animal político e por isso se traduz como um ser comunitário.
Assinale a alternativa correta, com relação aos enunciados acima:
A) Apenas a alternativa I está correta;
B) Apenas a alternativa II está correta;
C) Apenas a alternativa III está correta;
D) Todas as alternativas estão corretas;
E) As alternativas I e II estão corretas.
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Contratualistas
Hobbes
Polemizando contra a tradicional tese aristotélica, que via na sociedade o resultado de um instinto primordial, Hobbes sustenta que no gênero humano, diferentemente do animal, não existe sociabilidade instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma explosiva mistura de temor e necessidade recíprocos que, se não fosse disciplinada pelo Estado, originaria uma incontrolável sucessão de violências e excessos. NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à Idade Moderna. São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).
Referente à constituição da sociedade civil, considere, respectivamente, o correto posicionamento de Aristóteles e Hobbes:
Alternativas:
A Instrumento artificial para a realização da justiça e forma de legitimação do exercício da coerção e da violência.
B Realização das disposições naturais do homem e artifício necessário para frear a natureza humana.
C Resultado involuntário da ação de cada indivíduo e anulação dos impulsos originários presentes na natureza humana.
D Objetivação dos desejos da maioria e representação construída para possibilitar as relações interpessoais.
E Realização da razão e expressão da vontade dos governados.
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Hobbes
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. Donde fica claro como, durante o tempo em que os homens são desprovidos de um poder comum que os mantenha todos num estado de sujeição, eles se encontram naquela condição que é chamada guerra, e tal guerra é de cada um contra o outro. (Hobbes, T, Leviatã).
Segundo a concepção filosófica apresentada, o Estado funciona de modo a:
a) utilizar o medo como mantenedor da organização social civil;
b) suplantar as iniciativas egoístas que visam o bem-estar coletivo
c) garantir a superação da desigualdade natural entre os homens
d) resguardar a democracia intrínseca ao funcionamento institucional
e) possibilitar a instauração das liberdades individuais sob a forma de lei
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O fim último, causa final e desígnio dos homens, ao introduzir uma restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita; quer dizer, o desejo de sair da mísera condição de guerra que é a consequência necessária das paixões naturais dos homens, como o orgulho, a vingança e coisas semelhantes. É necessário um poder visível capaz de mantê-los em respeito, forçandoos, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito às leis, que são contrárias a nossas paixões naturais.
HOBBES, T. M. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece as condições para o ser humano
Alternativas
A internalizar os princípios morais, objetivando a satisfação da vontade individual.
B aderir à organização política, almejando o estabelecimento do despotismo.
C aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o fortalecimento da Igreja.
D assegurar o exercício do poder, com o resgate da sua autonomia.
E obter a situação de paz, com a garantia legal do seu bem-estar.
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Rousseau
Antes que a arte polisse nossas maneiras e ensinasse nossas paixões a falarem a linguagem apurada, nossos costumes eram rústicos. Não era melhor, mas os homens encontravam sua segurança na facilidade para se reconhecerem reciprocamente, e essa vantagem, de cujo valor não temos mais a noção, poupava-lhes muitos vícios. ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).
No presente excerto, o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) exalta uma condição que teria sido vivenciada pelo homem em qual situação?
Alternativas
A No sistema monástico, pela valorização da religião.
B Na existência em comunidade, pela comunhão de valores.
C No modelo de autogestão, pela emancipação do sujeito.
D No estado de natureza, pelo exercício da liberdade.
E Na vida em sociedade, pela abundância de bens.
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