terça-feira, 26 de setembro de 2023

Projeto 1 [Etapa 7]: Conclusão

Como demonstram os dados coletados o problema do esgoto a céu aberto e os impactos negativos sobre a qualidade de vida dos moradores da Vila Frei Orestes apontados pelos estudantes do EJA 1 Noturno da Escola Estadual Antônio Eufrásio de Toledo de Paraisópolis (MG) procedem.

Entretanto, o problema analisado por um viés científico torna ainda mais complicada a hipótese da sua causa bem como de sua solução.

Partimos da hipótese de que o problema teria sua origem em falta de manutenção do poder público do sistema de esgoto. Verificamos, entretanto, que algumas ações foram tomadas pelo poder público depois de reclamações de líderes comunitários e vereadores, muito embora o problema não foi totalmente solucionado, como atestamos presencialmente no local, juntamente com os moradores da comunidade.

O trabalho de campo junto a especialistas também refuta a hipótese de que a canalização seria a solução para o problema da Vila Frei Orestes, pois ela poderá criar um problema ainda mais grave no caso das chuvas torrenciais em que a água não teria para onde escoar.

Cabe então perguntar, diante do conjunto de informações que levantamos, o que deverá ser feito agora para que o problema seja solucionado? De onde está vindo o esgoto visivelmente despejado no ribeirão já que foi feito um trabalho pelo poder público em 2019 para resolver esta questão? Qual a situação da obra feita? Houve ou há monitoramento dos seus resultados? É possível que o problema tenha neste momento uma causa que não estava sendo detectada naquele momento?  Qual o percentual de melhoria em relação à situação no passado? Existem ainda habitações que lançam esgoto diretamente no ribeirão? Como detectar estas habitações e como trabalhar no sentido de esclarecer essas pessoas e, se carentes, fornecer o apoio necessário para obras de correção. Como o poder público pretende agir, de maneira definitiva, para que o ribeirão que margeia a Vila Frei Orestes não seja um fator de risco à saúde de seus moradores?

Compreendemos no curso deste estudo que um problema localizado em um território específico não se restringe a ele, mas possui conexões que o excedem, se conectando com todo o município e com outros municípios. Neste caso específico,  observa-se que não apenas o esgoto da Frei Orestes, mas o conjunto do esgoto produzido na cidade de Paraisópolis é lançado, sem tratamento, no Rio Sapucaí.

O problema do esgoto é, portanto, um problema local, estadual, nacional e, no limite, global. Sua solução demanda ações múltiplas e coordenadas em diferentes escalas, do micro ao macro, envolvendo a comunidade, as instituições e especialistas de diferentes áreas do saber.

Projeto 1 [Etapa 6]: Análise dos dados e teste de hipótese

Visitamos a região do ribeirão na Vila Frei Orestes no dia 26 de setembro de 2023 para 1) verificar as informações obtidas na etapa de coleta de dados; 2) analisar todos os dados coletados; 3) checar nossa hipótese para o problema.


Denúncia dos moradores e dos vereadores em 2017


A denúncia dos problemas gerados no bairro em razão do esgoto a céu aberto procede. Porém, na ocasião o vereador que recebeu a denúncia dos moradores apontou que a solução seria a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no município.

De fato, como explicou-nos um especialista em Meio Ambiente, a ETE é de extrema importância, pois ela tratará todo o esgoto produzido na cidade. Entretanto, a Estação de Tratamento será construída no fim de toda cadeia de produção de dejetos.

Ou seja, mesmo com uma ETE, o problema da Frei Orestes pode continuar, pois a região fica antes da ETE.

A questão então continua. Como resolver o problema do esgoto ainda lançado no ribeirão que margeia o bairro?


SAAE


Uma resposta para a questão acima seria de fato a construção de emissários para captação do esgoto produzido no bairro e mesmo em outros bairros que lançam esgoto no ribeirão.


De fato constatamos a existência dos emissários construídos ao lado do ribeirão para captação do esgoto do bairro.


Porém, constatamos que o ribeirão ainda apresenta coloração escura e mau cheiro, o que indica a existência de esgoto sendo lançado diretamente no ribeirão.

É possível que as obras realizadas pelo SAAE a partir de 2019 atenuaram o problema, porém não o resolveram, haja vista as diversas reclamações dos moradores do bairro (mau cheiro, enchente, presença constante de ratos e baratas).

Novas questões então surgem? Os emissários construídos pelo SAAE estão funcionando? Por que há ainda lançamento de esgoto no ribeirão mesmo com os emissários construídos para captar esgoto e levar para a ETE sem passar pelo ribeirão? 

Segundo um especialista ambiental entrevistado, é possível que ainda alguns moradores (casas, comércio, fábricas) não se sabe se do próprio bairro ou de outros bairros, ainda lancem dejetos diretamente no ribeirão.

Segundo ele, seria preciso o setor público e o SAAE 1) avaliarem se os emissários estão realmente funcionando; 2) fazer uma investigação aprofundada juntos aos moradores, com técnicas específicas, para avaliar a existência de redes que ainda lançam esgoto diretamente no ribeirão.

O especialista acrescenta que a canalização seria a pior solução, a não ser que seja feita uma estrutura que suporte o alto volume de chuva nos tempos atuais. Quando você canaliza há o risco, portanto, das manilhas não suportarem o volume de água de chuvas torrenciais. O que pode ser feito são estruturas de contenção feita com pedras e metal tipo alambrado que ajudam a manter a estrutura original do rio, ribeirão.

IBGE


Embora a taxa de esgotamento seja relativamente alta na cidade, quase todo o esgoto produzido pela cidade não é tratado, pois a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ainda não está em funcionamento. Portanto, a maior parte do esgoto produzido em Paraisópolis é lançado no Rio Sapucaí sem tratamento.


TESTE DE HIPÓTESE

Partimos da hipótese de que o problema do esgoto na Vila Frei Orestes estava, principalmente, associada à falta de manutenção do poder público. Embora essa afirmação não esteja equivocada, ela, a partir de uma pesquisa mais aprofundada, precisa ser melhor determinada.


Outros fatores incidem no problema, pois, como vimos, em 2019 foi realizado um trabalho de captação de esgoto e envio deste para emissários, visando assim evitar o lançamento in natura no ribeirão. Ora, alguma manutenção, portanto, existiu no passado, mas ao mesmo tempo o problema persiste no presente. Cabe então perguntar: o trabalho não foi suficiente? Não houve monitoramento dos seus resultados? Qual o percentual de melhoria em relação à situação no passado? O que deverá ser feito agora para que o problema seja solucionado? De onde está vindo o esgoto visivelmente despejado no ribeirão? É possível que o problema tenha neste momento uma origem distinta? Como o poder público pretende agir?

Nossas observações também refutam a hipótese de que a canalização seria a solução do problema, pois a canalização poderá criar um problema ainda mais grave no caso das chuvas torrenciais em que a água não teria para onde escoar.



Projeto 1 [Etapa 5]: Coleta de informações para formação de um banco de dados

INFORMAÇÕES GERAIS

Especialista em Meio Ambiente

Em entrevista com especialista em Meio Ambiente obtivemos a informação de que em Paraisópolis não há tratamento de esgoto.

Apenas há tratamento de esgoto na empresa APTIV. Entretanto, como Paraisópolis não trata o esgoto, o esgoto tratado pela APTIV é lançado na rede municipal e termina por misturar com esgoto não tratado.

A cidade de Paraisópolis possui dois cursos d'água: o "Ribeirão Santo Antonio" que começa na região da Vila São Luiz. Este ribeirão encontra-se com o "Ribeirão Guedinho" que passa pelo Dr.Geraldo e Água Férrea. Depois estes dois ribeirões se encontram na região da transportadora Pituta, segue até a ETE que está sendo construída e, finalmente, desaguam no Rio Sapucaí.

Como ainda a ETE não está em funcionamento todo esgoto produzido em Paraisópolis vai sem tratamento para o Rio Sapucaí.





IBGE

Dados do Censo de 2010 mostram que o esgotamento sanitário adequado não é 100% no município de Paraisópolis (MG)

Em 2010, o esgotamento sanitário adequado estava na cada dos 83,9%.

Aguardamos informações do Censo 2022 para obter informações atualizadas.



 

 

 

 

 

 

INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS

VEREADORES


Em entrevista informal com vereadores e líderes comunitários verificamos que já alguns anos representantes da Vila Frei Orestes os procuram para reclamarem dos problemas causados pela situação do esgoto a céu aberto no Bairro. 

Em um vídeo de 2017, disponível na internet, um vereador, representando os moradores do bairro, denuncia a situação, apontando a necessidade de construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Naquela época, o município havia recebido do governo federal uma verba de cerca de 11 milhões para a construção da ETE. Porém, a obra se arrastou por anos. Hoje, a obra está em fase de término.

SAAE


Dois anos depois das reclamações da Câmara Municipal, mais precisamente em maio de 2019, o SAAE, no curso da gestão 2017-2020, iniciou um trabalho na Vila Frei Orestes para resolver a questão do esgoto lançado pelas residências no ribeirão que passa pelo bairro.

Milhares de litros de dejetos que eram derramados in natura no curso d’água passaram a ser captados e enviados a emissários.

Os emissários acompanham a calha do curso d'água. A função deles é não deixar o esgoto cair no curso d'água.




MORADORES

Os moradores reclamam do mau cheiro no bairro, presença constante de ratos e baratas em seus lares. Ao lado do ribeirão há uma quadra utilizada pelos moradores e nela também o mau cheiro provindo do ribeirão é constante. Uma moradora menciona em que épocas de chuvas o ribeirão transborda piorando a situação.


VISITA AO BAIRRO


Visitamos a região do ribeirão na Vila Frei Orestes no dia 26 de setembro de 2023. De fato constatamos a existência dos emissários construídos ao lado do ribeirão para captação do esgoto do bairro, como informado pelo SAAE.

Porém, constatamos que o ribeirão ainda apresenta coloração escura e mal cheiro, o que indica a existência de esgoto ainda sendo lançado diretamente no ribeirão.


Referências


IBGE. Panorama. 2010.
Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/paraisopolis/panorama Acesso em: 26 set. 2023.

SAAE. Saae inicia a retirada de esgoto das casas da Vila Frei Orestes. 13/05/2019. Disponível em: https://www.paraisopolis.mg.gov.br/noticia/1378/SAAE-inicia-a-retirada-de-esgoto-das-casas-da-Vila-Frei-Orestes-que-e-lancado-em-ribeirao.  Acesso em: 26 set. 2023.

Projeto 1 [Etapa 4]: Delimitação do problema, hipóteses e fontes de informação


Em sala de aula definimos o problema do esgoto a céu aberto na Vila Frei Orestes para pesquisa aprofundada.

Também, na sequência, estipulamos uma hipótese da causa do problema: 


Transcrição da hipótese formulada por alunos do EJA 1 Noturno: "O problema é porque não é encanado, tudo aberto. Chove, faz enchente. É encanado para cima do Pituta, e na "parte" mais carente está a céu aberto. Falta manutenção. Uma falta de competência da Prefeitura".

Seguindo as etapas do método científico, definimos algumas fontes de informação para formação de um banco de dados visando uma melhor compreensão do problema e também para a verificação da hipótese formulada pelos estudantes.

Observação: Cada etapa da pesquisa servirá como avaliação da turma.

Fontes de informação a serem consultadas para formação de banco de dados da pesquisa e análise subsequente:

- Moradores da Vila Frei Orestes

- Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Paraisópolis

- Câmara Municipal

- SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto - O SAAE é uma Autarquia Pública Municipal criada pela Lei n.° 1.846 de 05 de Dezembro de 2001. O início de suas atividades deu-se no mês de Julho de 2002, com o objetivo foi o de melhorar o fornecimento de água aos munícipes de Paraisópolis

Em 15 de Outubro de 2004 foi inaugurada a Estação de Tratamento de Água situada à Av. São Vicente de Paula, tal obra possibilita o fornecimento de água tratada e de qualidade ao município e também aos Bairros Rurais Ribeirão Vermelho e Inácios. A ETA possui laboratório de análises físico-químicas e bacteriológicas completo, e possui capacidade nominal de operar 60 litros/segundo e atualmente opera 45 litros/segundo em média. Os recursos empregados na construção da ETA foram provenientes das contas de água pagas pelos usuários mensalmente.

Com os projetos da Estação de Tratamento de Esgoto já finalizados, o SAAE está em fase de captação de recursos junto aos Governos Estadual e Federal, para que mais esta obra de grande importância à população e meio ambiente seja realizada.



Referências

SAAE. Site do SAAE. Disponível em: https://www.saaeparaisopolis.mg.gov.br/o-que-e-o-saae