terça-feira, 26 de setembro de 2023

Projeto 1 [Etapa 6]: Análise dos dados e teste de hipótese

Visitamos a região do ribeirão na Vila Frei Orestes no dia 26 de setembro de 2023 para 1) verificar as informações obtidas na etapa de coleta de dados; 2) analisar todos os dados coletados; 3) checar nossa hipótese para o problema.


Denúncia dos moradores e dos vereadores em 2017


A denúncia dos problemas gerados no bairro em razão do esgoto a céu aberto procede. Porém, na ocasião o vereador que recebeu a denúncia dos moradores apontou que a solução seria a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no município.

De fato, como explicou-nos um especialista em Meio Ambiente, a ETE é de extrema importância, pois ela tratará todo o esgoto produzido na cidade. Entretanto, a Estação de Tratamento será construída no fim de toda cadeia de produção de dejetos.

Ou seja, mesmo com uma ETE, o problema da Frei Orestes pode continuar, pois a região fica antes da ETE.

A questão então continua. Como resolver o problema do esgoto ainda lançado no ribeirão que margeia o bairro?


SAAE


Uma resposta para a questão acima seria de fato a construção de emissários para captação do esgoto produzido no bairro e mesmo em outros bairros que lançam esgoto no ribeirão.


De fato constatamos a existência dos emissários construídos ao lado do ribeirão para captação do esgoto do bairro.


Porém, constatamos que o ribeirão ainda apresenta coloração escura e mau cheiro, o que indica a existência de esgoto sendo lançado diretamente no ribeirão.

É possível que as obras realizadas pelo SAAE a partir de 2019 atenuaram o problema, porém não o resolveram, haja vista as diversas reclamações dos moradores do bairro (mau cheiro, enchente, presença constante de ratos e baratas).

Novas questões então surgem? Os emissários construídos pelo SAAE estão funcionando? Por que há ainda lançamento de esgoto no ribeirão mesmo com os emissários construídos para captar esgoto e levar para a ETE sem passar pelo ribeirão? 

Segundo um especialista ambiental entrevistado, é possível que ainda alguns moradores (casas, comércio, fábricas) não se sabe se do próprio bairro ou de outros bairros, ainda lancem dejetos diretamente no ribeirão.

Segundo ele, seria preciso o setor público e o SAAE 1) avaliarem se os emissários estão realmente funcionando; 2) fazer uma investigação aprofundada juntos aos moradores, com técnicas específicas, para avaliar a existência de redes que ainda lançam esgoto diretamente no ribeirão.

O especialista acrescenta que a canalização seria a pior solução, a não ser que seja feita uma estrutura que suporte o alto volume de chuva nos tempos atuais. Quando você canaliza há o risco, portanto, das manilhas não suportarem o volume de água de chuvas torrenciais. O que pode ser feito são estruturas de contenção feita com pedras e metal tipo alambrado que ajudam a manter a estrutura original do rio, ribeirão.

IBGE


Embora a taxa de esgotamento seja relativamente alta na cidade, quase todo o esgoto produzido pela cidade não é tratado, pois a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ainda não está em funcionamento. Portanto, a maior parte do esgoto produzido em Paraisópolis é lançado no Rio Sapucaí sem tratamento.


TESTE DE HIPÓTESE

Partimos da hipótese de que o problema do esgoto na Vila Frei Orestes estava, principalmente, associada à falta de manutenção do poder público. Embora essa afirmação não esteja equivocada, ela, a partir de uma pesquisa mais aprofundada, precisa ser melhor determinada.


Outros fatores incidem no problema, pois, como vimos, em 2019 foi realizado um trabalho de captação de esgoto e envio deste para emissários, visando assim evitar o lançamento in natura no ribeirão. Ora, alguma manutenção, portanto, existiu no passado, mas ao mesmo tempo o problema persiste no presente. Cabe então perguntar: o trabalho não foi suficiente? Não houve monitoramento dos seus resultados? Qual o percentual de melhoria em relação à situação no passado? O que deverá ser feito agora para que o problema seja solucionado? De onde está vindo o esgoto visivelmente despejado no ribeirão? É possível que o problema tenha neste momento uma origem distinta? Como o poder público pretende agir?

Nossas observações também refutam a hipótese de que a canalização seria a solução do problema, pois a canalização poderá criar um problema ainda mais grave no caso das chuvas torrenciais em que a água não teria para onde escoar.



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