Como demonstram os dados coletados o problema do esgoto a céu aberto e os impactos negativos sobre a qualidade de vida dos moradores da Vila Frei Orestes apontados pelos estudantes do EJA 1 Noturno da Escola Estadual Antônio Eufrásio de Toledo de Paraisópolis (MG) procedem.
Partimos da hipótese de que o problema teria sua origem em falta de manutenção do poder público do sistema de esgoto. Verificamos, entretanto, que algumas ações foram tomadas pelo poder público depois de reclamações de líderes comunitários e vereadores, muito embora o problema não foi totalmente solucionado, como atestamos presencialmente no local, juntamente com os moradores da comunidade.
O trabalho de campo junto a especialistas também refuta a hipótese de que a canalização seria a solução para o problema da Vila Frei Orestes, pois ela poderá criar um problema ainda mais grave no caso das chuvas torrenciais em que a água não teria para onde escoar.
Cabe então perguntar, diante do conjunto de informações que levantamos, o que deverá ser feito agora para que o problema seja solucionado? De onde está vindo o esgoto visivelmente despejado no ribeirão já que foi feito um trabalho pelo poder público em 2019 para resolver esta questão? Qual a situação da obra feita? Houve ou há monitoramento dos seus resultados? É possível que o problema tenha neste momento uma causa que não estava sendo detectada naquele momento? Qual o percentual de melhoria em relação à situação no passado? Existem ainda habitações que lançam esgoto diretamente no ribeirão? Como detectar estas habitações e como trabalhar no sentido de esclarecer essas pessoas e, se carentes, fornecer o apoio necessário para obras de correção. Como o poder público pretende agir, de maneira definitiva, para que o ribeirão que margeia a Vila Frei Orestes não seja um fator de risco à saúde de seus moradores?
Compreendemos no curso deste estudo que um problema localizado em um território específico não se restringe a ele, mas possui conexões que o excedem, se conectando com todo o município e com outros municípios. Neste caso específico, observa-se que não apenas o esgoto da Frei Orestes, mas o conjunto do esgoto produzido na cidade de Paraisópolis é lançado, sem tratamento, no Rio Sapucaí.
O problema do esgoto é, portanto, um problema local, estadual, nacional e, no limite, global. Sua solução demanda ações múltiplas e coordenadas em diferentes escalas, do micro ao macro, envolvendo a comunidade, as instituições e especialistas de diferentes áreas do saber.